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1.
COCO CABOTINO (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Não há cupim, nem erosão ou esmeril capaz De carcomer o que compus com tanta inspiração. Se eu não errei a mão Tudo perdurará De geração em geração até galgar a glória! Abalará a fundação e deixará pra trás Meus desiguais, nunca jamais me compreenderão. Se eu não errei no tom Tudo prosseguirá E meu refrão ecoará no fundo da memória! Ninguém decapitará O que compus opus dei Copa de jequitibá sombreia A obra capitular Que ao futuro ofertei Já foi pegando uma dianteira. Arrastará a multidão e ficará no ar Nessa estação por um milhão de anos-luz ou mais. Se eu não surtei de vez Ela resistirá A roda que tritura a moda à cada nova história... Então depois ao que compus com o coração na mão Não caberá definição nem rótulos banais. Se eu não menti demais Hão de me dar razão, Na hora “H” estenderão a mão a palmatória... Ninguém decapitará O que compus opus dei Copa de jequitibá sombreia A obra capitular Que ao futuro ofertei Já foi pegando uma dianteira. Olha que eu não sou cabotino É que eu só sei fazer o fino faço asim desde menino e até meu coco bater pino eu vou continuar só no manjar...
2.
Voz: Verônica Ferriani Violão e Arranjo: Chico Saraiva Trombone: Roberto Marquês Baixo: Marcelo Cabral Percussão: Vitor da Candelária Coro: Chico Saraiva, Marcelo Pretto e Caê Rolfsen DE SALTO AGULHA (Chico Saraiva /Mauro Aguiar) De salto agulha Ela me tritura. A cada paso em falso dela Eu subo num cadafalso No tablado E ali acorrentado Aos pés daquela Que pisa leve na área Da minha coronária Morro de bom grado. De scarpin na carrasqueira Ela é maneira Voa, salta, repinica Ao som do samba E como anda bela Abrindo janelas Nos olhares Dos meus pares Pantera dos safaris Só na dela. Do salto ela não desce Nem atende à minha prece Profana Aos pés da cama Me olha de cima Sente o clima Curte a fama De salto agulha Ela mergulha E o meu coração Se derrama.
3.
ARARIPE ARARAT (Chico Saraiva/Mauro Aguiar ) A Serra do Araripe Pa rirá um pau-de-arara alado Em meio ao alarido Do sertão milpovoado. E no clarão o Cariri Inteiro caberá num caminhão dourado. E então todo entupido O pau-de-arara alçara voo Desenxabido. E só parará pra piriri De algum desprevenido E chegará sem pressa Ao paraíso prometido. Sem pororoca de pó Nem semiaridorido. Só que de queixo caído O Ceará constatará O ocorrido. E disso eu não duvido! O pau-de-arara ficará parado E o que era longe vira ali do lado. E o Cariri inteiro Meio que contrariado Hoje estará resolvido: Que só sonhará colorido O seu futuro arado aterrizado.
4.
Na pele 02:33
NA PELE (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Apele pra a pele maluco! ela é que te dá um toque ela é que te impele para o ato antes que tu Te sufoque. ela é que dispensa o papo ela é que te faz profundo nela é que tu roça o mundo que se tatua em tua entranha. ela por você apanha ela guarda o teu afeto. ela é o seu melhor projeto nunca vai ser uma estranha. Apele pra pele maluco! ela é que te dá um toque ela é que te impele para o ato antes que tu te sufoque. ela é que repensa o fato sem ficar se remoendo ela é que acaba vendo pelos poros o que ninguém ficou sabendo. Ela não quer ser fronteira Ela não quer ser limite ela é que te permite ser uma pessoa inteira.
5.
SANFONA SAFENADA (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Sou sanfoneiro e fungo o fole da sanfona até “virá” poeira sanfoneiro e fungo o fole até “virá” poeira Mesmo que chegue a derradeira eu “vô resfolegá” Enquanto o mundo me escapole eu brinco na fronteira “Tô” mais pra lá do que pra cá... Mas se o “gai” do candieiro “tá” querendo se “acabá” Bem na hora H Já troncho pra “desencarná” Eu faço a sanfona “chiá” Despacho qualquer carpideira Pra Quixadá Que gemedeira é só pra gente se chegá Se aconchegá Numa esteira, ah! Sou sanfoneiro e nem me fale, e nem me fale em “pendurá” chuteira Sou sanfoneiro e nem me fale em “pendurá” chuteira Minha sanfona safenada “inda” levanta pó Em cada toque essa danada acende uma fogueira Pra não “pasá pruma” pior Mas se a vida na carreira “qué fechá” meu paletó De madeira e o nó Já “tá” me apertando o gogó Eu mando um acorde maior E abraço a “mulhé” guerrilheira De Mossoró Minha sanfona brasileira, meu xodó Que no forró Não me deixa só.
6.
Lua pós-lua 04:39
LUA PÓS-LUA (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Lua acesa luze-me Lua alisa-me a asa da ilusão Que eu zuno abduzido Adeus! Adeus! Ah! Deusa de isopor Venha por meu pôr do sol à prova, Lua cheia ou lua nova, O seu dossel de sal é meu! Lua que o céu produz a sós Lua do arrebol asaz antecipada Arrebatando-me por nada! Lua que me alicia Dia é noite, noite é dia Desliza-me essa azul beleza Lua leia-me a certeza. Lua, Lua pantanosa Musa, musa me desguia! Minha lua após a NAsA Onde a nave repousou cansada Minha lua ozonizada lua luz misteriosa Só em ti me sinto em casa E vou dormir de alma em brasa.
7.
Revés 03:05
REVÉS (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Logo que me encontrou Mostrou sua nudez E eu nem quis indagar porquês Nem se fazia jus. Feliz e embasbacado ali Fugindo em vão dos seus ardis Já não sabia discernir O que era sombra e o que era luz. Mas você despertou A minha insensatez E eu sequer pude ser sagaz Pois nunca lhe supus. E até para zombar de mim Do meu revés, minha mudez Me fez virar de vez refém Do bem que o seu olhar me fez. REVÉS (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Hoje vivo a perguntar Onde foi parar meu chão Em que nuvens estão meus pés e as minhas mãos Por que é que você não me diz, Já que estamos a sós, onde pôs Meus dois olhos exaustos De ver os seus dois olhos nus? Não lhe custa responder Onde está meu coração Já que desde que lhe vi perdi noção. Como está pode ser bem capaz Que ele pulse sem mim, de viés E eu preciso saber onde jaz Pra pousá-lo aos seus pés.
8.
Errática 02:59
ERRÁTICA (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Eu recorro ao erro sempre que posso E erro e erro e erro sem remorso. O remorso é o filho bastardo da culpa Aquela que não come a fruta Mas engole o caroço, Aquela que não come a carne Mas não larga o osso. Aquela que não vive a vida Mas espera todo suicida No fundo do poço No fundo do poço! Eu recorro ao erro sempre que posso E erro e erro e erro sem remorso. Todo erro encerra um acerto Todo erro é um bom começo É o esboço do concerto Mundo farto do estilhaço Onde sempre amadureço Onde sempre me refaço Dessa obrigação do certo Num lugar pra lá de torto. Eu recorro ao erro sempre que posso E erro e erro e erro sem remorso. E erro e erro e erro e erro e erro e erro e erro sem remorso.
9.
FILHA DE ENCANTO (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Eu sou mandingueira, manteúda e Deus me ajuda ainda Enfrento quebranto, arenga, agouro e me faço linda Quando meu grito se alonga Toda quizila escorrega foge cega com o gume do lume de Yansã. Eu sou macumbeira, sapopemba e vivo na curimba Mas tenho decoro não, guardo meu ouro em minha cacimba Mel do meu canto decola Chega em Mamãe Dandalunda Que faz lá minha onda sonora marejar. Minha voz labareda do samba no breu É mandinga que alegra, é milagre, é luar Trago no meu gongá Um batuque à granel Que alaga meu sangue de orgulho iorubá Eu sou brasileira, beiradeira, e força repentina Esquento o banho de cheiro pro couro da minha cantiga Minha garganta de seda É sedução desabrida Aprendida na fonte escondida de Oxum. Eu sou curandeira, rezadeira e tenho a voz caluda Ungüento e encanto que ponho no corpo mamulengo cura A lama que me ilumina Na hora da reza clara É a calma colhida no colo de Nanã. Minha voz alameda do samba no pé É candonga que afaga, é luz negra, é mulher Trago em meu patuá Ta lismã de Guiné Que garante meu canto em qualquer canto que eu for cantar!
10.
CANÇÃO EXTINTA (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Cai a tarde, o tempo flui Câmera lenta Com o dia que se esvai Meu coração se ausenta Tentando acalentar uma canção extinta Foi a tarde, a noite tem Alma serena Quando uma estrela cai De um céu de porcelana Eu fico a imaginar quem lá de longe acena. A saudade dói Mas no seu vai e vem Ta mbém distrai Sem fazer alarde Quem do tempo sai Vê que nunca é tarde. Vem Vamos deixar a vida olhar além numa canção Tocar a imensidão Querendo acreditar que vale a pena Imitar o mar Enlaçar o céu Ver o bem por trás da tal cortina Ta lvez desmesurar Que um grande amor não desencantará Enquanto houver alguém Que saiba asim ficar nessa saudade Num fim de tarde.
11.
TELHADO DE VIDRO (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Não adianta vir Alardeando o fim do mundo Assim rosnando, cão danado em meu jardim Do Édem As circunstâncias pedem Outros atos menos falhos Aliás Contra sua ira momentânea Que lhe faz refém da fúria Uma pedra em cada mão Tenho a sensação que sei de cor o antídoto É seu telhado de vidro Que tem medo do satélite esquecido Ou de uma estrela cadente Que alegra tanta gente e tanta gente comemora e só você nessa hora Senta no meio fio e chora! Senta no meio fio e chora!
12.
METRALHADORA GIRATÓRIA (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Eis o meu samba alucinante Feito elefante em cristaleira Metralhadora giratória ai ai ai Pa rafernália sem fim Fiz asim Como quem sai da matéria Fiz asim Como quem mira num querubim Fiz Pra coisa aqui ficar séria Fiz pra sangrar sem deixar cicatriz! Eis o meu samba camicase Com pose de eminência parda Indo a reboque da vanguarda ai ai ai Pa rasitando a matriz. Fiz questão De um samba asim sem memória Quando não A mão da escória num tamborim Fiz Sem esperança de glória Fiz para quem tá como eu por um triz! Eis meu samba incoerente Que mente até que o mito entranha Va i dando pito enquanto apanha Leviatã de armazém. Veja bem Não falo em contracultura Veja bem Não quero a cura do que não tem. Fiz Porque ninguém mais atura Tanto nonsense e mingau de raiz.
13.
Via Aérea 03:12
VIA AÉREA (Chico Saraiva/Mauro Aguiar) Meu olho no topo do corpo Espiava outra topografia Lá do alto do meu pensamento Era a alma que tudo asistia Assistia ao balé do momento Que jamais outro captaria Um balé pleno de movimento Sem o peso da coreografia. E o balé todo não corpulento No entanto dizia e vivia E falava uma língua de vento E mostrava ao que vinha e viria. O meu olho no cume e no centro Inventava uma nova alegria. Alegria de ver não se vendo Não vendendo ou comprando a matéria Que o balé ia lento rompendo Numa bela expressão via aérea Do que o olho ao olhar ia sendo Sem saber que era coisa tão séria Um balé feito do sentimento De quem tem a visão sempre etérea.

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CD SOBRE PALAVRAS_LANÇADO PELA BORANDÁ EM 2009

"Sobre Palavras, como o título sugere, são composições de Chico Saraiva que, pela primeira vez, criou suas músicas a partir das letras. Poesias encomendadas ao parceiro Mauro Aguiar" Diário de Pernambuco -03/10/2009

"Confluência de talentos primorosos" O Estado de S.P -11/09/2009

"O encontro da cantora Verônica Ferriani e do violonista Chico Saraiva só poderia resultar num cd antológico. O ouvinte pode esperar músicas leves e modernas." Correio Popular - Campinas - 17/out/2009

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released July 6, 2008

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