1. |
Coco
04:30
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2. |
Na virada da costeira
05:17
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Na virada da costeira
(Chico Saraiva e Paulo César Pinheiro)
Mãe, ninguém sabe mais do mar que eu
Mas tive pai pra me ensinar
Só que pensei depois que pai morreu
Que eu quero ir além do mar
Mãe, sua bênção que eu vou embarcar
Vou-me embora no primeiro cargueiro
Vou ser marinheiro
Rodar mundo inteiro
Eu vou viajar
Mãe, traz o lenço que eu já vou zarpar
Vem fazer meu bota-fora
Oh, mãe, não demora
Que já ta na hora
Se cuide, a senhora
Não chora, não chora
Que já vou-me embora
Mas eu vou voltar
Tenho o dom de marinheiro
Quem me fez dessa maneira
Foi o tombo do saveiro
Na virada da costeira
E o balé da capoeira
Como todo marinheiro
Vou levar comigo agora
Um pedaço desse cheiro
Desse mar que a gente mora
Pelo mundo, mundo afora
Capitão de mar-e-guerra
Foi que mandou me chamar
Vou andar por outra terra
Deixando a maré me levar
Eu já vi meu mar no fundo
Meu mundo foi só pescar
Quero agora ver o mundo
Que nem vi o fundo do mar
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3. |
Moçambique
06:36
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Moçambique
(Chico Saraiva e Makely Ka)
a imagem no mar
miragem dos homens
que vieram socorrer pra se salvar
a viagem se dá
na margem sem nome
os que ousaram se perder pra se encontrar
chegaram sem saber se vão voltar
vieram se benzer em seu altar
vê, as mãos criam calos
e os olhos se levantam, se arregalam
e hoje o sino é só badalo
ouvimos entre sons que se intercalam
senhora dos tambores de inhame
crianças e velhos
que velam e veneram seus mistérios
nas águas do mar o céu vermelho
espelho do martírio dos impérios
nas horas dos clamores em memane
vão soar
algaravias
algo que ouvia
é o que me alivia
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4. |
O tamanho da tristeza
03:28
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O Tamanho da Tristeza
(Chico Saraiva e Luiz Tatit)
A tristeza é cumprida
Se desdobra em muitas léguas
Desde o ponto de partida
Até o fim que nunca vem
A tristeza é cumprida
Vai do campo até a cidade
Dá uma volta na pracinha
Pega a estrada e vai além
Sofrimento por alguém
É curtinho todos têm
É o contrário da tristeza
Que é viagem sem ninguém
Um desgosto aqui e ali
Dura pouco , acaba bem
Diferente da tristeza
Que por tempo se mantém
O tamanho da tristeza
Não há gênio que calcule
Não há norma que regule
Por que cresce , cresce mais
Quando se olha pra trás.
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5. |
Ponto
05:53
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6. |
Pássaro-flor
04:05
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Pássaro-flor (Chico Saraiva / Chico César)
vida, ai quem me dera ter
asas e voar
tiê, anum ou bem-te-vi
quiçá sabiá
vida, quem me dera uma aurora
que eu nascesse flor
lírio, dália, trevo ou rosa
desabotoar
passarinho ou flor no campo
só pra ver meu bem passar
e admirar assim tão perto
quem me ver sem notar
e aí, vida, te peço
que eu mereça só um olhar
pr'essa flor que ofereço sem preço
ou escute o meu cantar
passarinho que floresce carece
tempo bom, calor e ar
vida minha, se atendesse essa prece
felicidade há
eu, flor, desejar
beijar a flor
e passarinhar
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7. |
De butuca na cozinha
05:27
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De Butuca na Cozinha
(Chico Saraiva e Mauro Aguiar)
Ó!
Parece até que ela prepara o pirão
Com muita farinha pouca
Tempera tudo com um batuque do cão
Dá maremoto na boca
Parece até que ela é que esquenta o fogão
Mal mete a mão na cumbuca
E se a mulata tá catando o feijão
Tem nego só de butuca.
Tem quem se apaixona pelo cheiro
Tem quem quer tratá-la à pão-de-ló
Um que vem tão só por causa do mocotó
Um pra ver debaixo do angu
Vem perequeté querendo o seu caruru
É, mas vira escravo de jó
Eu que como quieto quero crer no melhor...
Periga ela esquecer o filé
Na frigideira
E vir para o meu batucajé
De prato e faca
Aí garanto eu pago o couvert
Da quituteira
E assim que der a colher de chá
Já é!
Vou ter que encarar
O samba no pé
Do tempero dessa cozinheira.
Mas todo sonho desfeito é pó
Quer tirar leite de pedra
E quando o líquido azeda
Logo um mané te cutuca e tu fica um jiló
Acorda com a boca seca
Numa ressaca de uca...
Aí tu cai na moringa
Quando a pimenta te pega
Por culpa daquela nega lá
Aí tu chora pitanga
Enquanto a nega te nega
Refoga teu coração sem dó.
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8. |
Subentendido
03:05
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Subentendido
(Chico Saraiva/ Mauro Aguiar)
Se eu disse coisa com coisa
Fica aqui subentendido que eu não soube dizer.
Pois o que me deixa prosa
É essa coisa fabulosa de se desentender.
Ao dizer coisa com coisa
A gente cava a cova rasa do mistério de ser.
Onde a coerência pousa
Nada brota em volta ou nasce um pé de “como-porque?”.
Acreditei nessa conversa mole
Que era preciso tudo explicitar.
E quase o sonho todo me escapole
E o algo a mais que impele à frente se desfez no ar.
Hoje é que entendo que o rascunho escolhe
E no desvão do redemunho o sonho surge gole a gole
E nessa hora santa enganadora
Quanto mais eu me emaranho, mais olho de fora.
Não quero cuspir no prato
Mas do tal fato, do concreto,
Do correto
Eu corro até desmaiar!
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9. |
Startrek de tacape
04:29
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Startrek de Tacape
(Chico Saraiva/Mauro Aguiar)
Baita epidemia!
Quanta dinamite no paiol.
Haja terapia!
Nas vias de fato
Pujilato
À luz do sol.
Que temperatura!
Tem siricotico no metrô
Haja acupuntura!
Válvula de escape
É piripaque
E muita tarja preta,
Ou faixa preta em tae-ken-dô.
Esse startrek de tacape não capta muito amor.
Se acaso o trânsito estanca
O austrolopiteco salta da caixa preta.
Resta jogar na retranca
Enquanto o sacripanta tem ataque de pelanca.
E não guardar rancor;
Basta encarar o brucutu com humor.
Cabô, cabô, cabô, cabô
Não vou jogar na cara esse vírus de gladiador.
Que sufocante atmosfera!
Que periclitante megaton!
Quanta besta-fera!
Animal high-tec
Acha até que isso é bom.
Que taquicardia
Baita urucubaca que pegô
Haja academia!
Na pulsão de Marte
Nego parte pro combate e fica.
E a coisa fica na pior.
Esse startrek de tacape só capta quiprocó.
É tanto siri na lata
Que muito arranca-toco tira o próprio da reta.
Festa de psicopata,
Se a gente engata a ré o tiro sai pela culatra.
Então faça um favor,
Preste atenção no que quero propor:
Amor, Amor, Amor, Amor.
Não vou manter na pauta esse papo de exterminador.
Eu vou mandar na lata e quem pegar pegou.
Quem quer eletrochoque se atraque com o computador
Quem quer fazer catarse:
amor, amor, amor.
Quem é assim mais punk que jogue no ventilador.
Mas não me vá cair do andor....
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10. |
Saraivada
03:42
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11. |
Canto de rei
04:46
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Canto de rei
(Chico Saraiva e Paulo César Pinheiro)
O meu samba é meu pregão de amor
Não tem credo ou distinção de cor
O meu samba é pra você cantar
Eu não quero ver ninguém chorar
O meu samba é profissão de fé
Não nasceu pra ser um som qualquer
O meu samba é meu brasão de paz
Ma s não trai sua raiz jamais
O meu samba é canto de rei
O meu verso é tabua de lei
No terreiro de guerra ele é combatente
È a voz dessa terra cruzando o mar
E vai defendendo a bandeira com unha e dente
Vai na linha de frente
Com a bandeira no ar
Meu samba vai pro fio da navalha
Sem ter medo nenhum de se cortar
Eu sou o seu cavalo de batalha
Por isso é que quando meu samba me chamar vou lá.
Meu samba nunca foi fogo de palha
Meu samba sempre foi minha muralha
Meu samba é meu troféu, minha medalha
Meu samba ninguém nele põe cangalha
Meu samba bota fogo na fornalha
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12. |
Estrela do oriente
04:47
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Estrela do Oriente
(Chico Saraiva /Paulo César Pinheiro)
A Estela do oriente
Caiu no meu olhar
Me fez clarividente
Me trouxe o dom de lá
E agora eu vejo o som
E agora eu vejo cor do ar
A estrela do oriente
Chegou a me cegar
Porém daqui pra frente
É quem vai me guiar
No chão da luz do céu
Na luz do chão no céu do mar
Não sei se dá pra crer
Não sei se dá pra imaginar
O mundo que se vê
Não sei se dá.
A flor de cristal de prata
Da voz do sabiá
Do sabiá da mata
O grão
Grão de pó de ouro
Poeira de luar
Das asas do besouro
Cai o véu da mente
Nada é singular
Tudo é diferente
Nesse novo olhar
E foi a estrela azul do oriente
Que fez a corrente quebrar
E eu enxergar
A mão
de água da sereia
Da seria do mar
Quando ela se penteia
O pé
doido pé de vento
Que vem redemoinhar
No meu pensamento
A cruz
Solta nos espaços
A cruz do sul que já
Que já Pregou meus braços
O sol
Fogo de magia
Que vive a me soprar
A brasa da poesia
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13. |
Sombra
04:15
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Sombra
(Chico Saraiva/ Luiz Tatit)
Sim, perdi o senso
E vi assombração
Vi apenas sombra
Sem ninguém
Sombra
Num silêncio absoluto
Sobra de algum vulto
Do além
Sim sobrou a sombra
Em plena solidão
Pálida lembrança
De alguém
Claro que o mistério
Em si não dá pra ver
Claro que o mistério
É só pra crer
Claro que o etéreo
Tende a desfazer
Onde está você?
Sim, foi quando muito
Uma consolação
Ver somente a sombra
Sem você
Tudo parecia inseguro
Não via futuro nem prazer
Sombra não se alumbra com o dia
Vive na penumbra, vive só
Sombra não se lembra quando escureceu
Sombra é sempre noite sol a sol
Sombra que deslumbra a sua dona
Rouba a sua luz e deixa um breu
Nesse traço negro não tem mais você
Que que aconteceu?
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